LEROY MERLIN e ROTOM PORTUGAL uma parceria de sucesso
Agilizar operações e optimizar fluxos
A fusão de duas insígnias, como aconteceu com as lojas Aki e Leroy Merlin, nunca é tarefa fácil. Com a integração já em velocidade de cruzeiro, os desafios são muitos, bem como os projectos em curso com impacto na cadeia de abastecimento visando uma gestão eficiente, tanto na lógica B2B como B2C. O projecto que envolve as Smartboxes da Rotom Portugal é um deles e foi o pretexto para ficarmos a saber mais sobre o que está a mudar na supply chain do retalhista.
Em Portugal, Leroy Merlin e Aki apesar de insígnias do mesmo grupo, actuavam de forma independente no mercado nacional, sendo que ao universo do DYI, decoração e jardim a Leroy Merlin acrescentava o segmento da construção. Ainda que actuassem no mesmo mercado, as suas estratégias eram diferentes e bastante complementares. Também ao nível dos formatos de loja as diferenças existiam. A primeira com grandes superfícies localizadas preferencialmente nas zonas limítrofes de grandes centros urbanos e a segunda com lojas de pequena e média dimensão e mais próximas do centro.
Por isso, todo o processo de fusão foi acompanhado da necessidade de optimização de processos, aproveitamento dos recursos existentes, melhoria da capacidade de resposta, numa lógica de complementaridade. No fundo, unificar as operações e responder ao desafio do multiformato, bem como ao plano de expansão delineado.
Estamos com José Miranda, director de operações de supply chain da Leroy Merlin e o movimento de empilhadores e porta-paletes é grande à medida que vamos avançando pelo centro logístico. E o ritmo e velocidade das operações também. Equipamentos e soluções para jardim; portas; materiais para pintura; que vão do balde de tinta ao rolo ou à trincha; mas também produtos mais pequenos como equipamentos de iluminação ou lâmpadas… são apenas alguns exemplos do que se vê por ali, ainda em movimento ou já devidamente acondicionados em Smartboxes e na sua localização de saída para a respectiva loja.
Gerir a mudança
O responsável de supply chain da Leroy Merlin chama João Miranda para se juntar à conversa, explicando que o João era director de loja Aki e foi uma peça fundamental para a mudança acontecer, fruto do conhecimento profundo da realidade Aki e dando um contributo precioso para a logística da cadeia de distribuição passar para a nova realidade.
A verdade é que como salienta José Miranda há uma diferença enorme. “Desde gestos administrativos, à percepção da loja, passando pela forma como as lojas estavam estruturadas e organizadas. É outro mindset”, diz-nos. “Eram lojas muitos enxutas em que o próprio funcionário que estava na caixa poderia fazer também reposição ou recepcionar as mercadorias. A estratégia da Leroy Merlin é diferente, vai mais pela venda, pela primeira linha. Ou seja, foi necessário uma mudança de chip. Estamos a falar de pessoas que recebiam caixas, e hoje recebem paletes com madeiras, com aquecimentos…”.
Há cerca de um ano atrás, a Leroy Merlin e a Rotom Portugal estabeleceram uma parceria para a utilização nas operações de movimentação e transporte do retalhista de Smartboxes. Miguel Correia, managing partner da Rotom Portugal começa por dizer que esta parceria é bastante “exemplificativa do que fazemos actualmente: vamos às empresas, observamos os processos relacionados com equipamentos para a logística e armazenamento, fazemos propostas de produtos, os clientes podem aceitar ou não, e esta “consultadoria” é gratuita”.
Na verdade, no caso da Leroy Merlin, a parceria aconteceu pela necessidade de optimizar camiões e servir as lojas com mais picking e mais unidades, ao invés dos grandes volumes. “A utilização das boxes permite-nos acondicionar mercadorias que em paletes iria ser difícil”, explica João Miranda, que esteve envolvido no projecto desde o início. “Além da optimização do espaço no transporte, também se revelam úteis na logística inversa pois o retorno faz-se a custos muito interessantes, além, claro, de um aspecto fundamental: o correcto acondicionamento das mercadorias no transporte e distribuição”, acrescenta José Miranda.
Facilidade de manuseamento
Quanto à aceitação deste tipo de soluções no mercado, o responsável da Rotom Portugal sublinha que “de entre outros aspectos, as caixas são um produto muito solicitado pela facilidade de manuseamento”. É que apenas um trabalhador consegue montar e desmontar sozinho a box e, por outro lado, “há também o aspecto da logística inversa, mencionado pelo José Miranda, e do aforro que permitem no transporte, por serem rebatíveis, além de robustas e com uma boa capacidade de carga”.
A eleição dos meios de carga correctos é essencial para a segurança no transporte, seja uma palete em madeira, um roll container ou uma caixa como as Smartbox. Por isso, Miguel Correia esclarece que “a Rotom, com as suas soluções sustentáveis, ajuda a melhorar a cadeia de abastecimento e a economizar custos, nomeadamente ao retornar embalagens vazias dos destinatários, ajudamos as empresas a tornar o seu processo logístico mais sustentável. Por outro lado, como podemos fazer a manutenção destes equipamentos, aumentamos a sua durabilidade, reduzindo custos operacionais e beneficiando o meio ambiente. É que muitos dos nossos meios de carga são reutilizáveis”.
Actualmente são 300 as boxes que estão ao serviço desta operação de picking by line da Leroy Merlin. No seu já perfeito “Leroy Merlinês”, João Miranda conta que “é uma operação que veio responder às necessidades das lojas proxi e MSB”, as proxi são as lojas ex-Aki e as MSB designam as médias superfícies de bricolage, ou seja, lojas intermédias entre os dois formatos, como é por exemplo o caso de Oeiras. Detalhando este projecto, João Miranda explica que com esta solução conseguem responder melhor “à necessidade que existia pelo facto de algumas lojas não atingirem o porte franco, ou seja, pelo baixo valor da encomenda não terem capacidade de absorver encomendas directas de fornecedores. Por outro lado, isto tinha implicações na taxa de ruptura pois teríamos que deixar baixar muito os stocks para poder conseguir chegar ao mínimo do porte franco, fazer a encomenda ao fornecedor e, consequentemente, aumentar o prazo de entrega. Com esta solução, faz-se uma encomenda única ao fornecedor, que é recepcionada por nós e que depois através da nossa aplicação interna se desmultiplica o total de uma encomenda pelas necessidades das várias lojas, de acordo com a informação fornecida pelo nosso RAP (sistema de reaprovisionamento automático) que, como o próprio nome indica não tem intervenção humana”.
José Miranda aproveita para acrescentar que “basicamente foi criada uma loja virtual – é um passo intermédio, numa fase em que está também a ser implementado o portal colaborativo da Generix – que é o ERP de loja, que vai consolidar as necessidades de todas as lojas, disparar as encomendas para os fornecedores e quando estas chegam ao centro logístico, a aplicação o que faz é “beber” essa informação, passá-la para o WMS e fazer a redistribuição dos artigos por loja em função daquela que foi a encomenda inicial da loja. Este é o esqueleto do processo, por assim dizer.” E o grande objectivo é que o artigo chegue à loja na menor unidade de manipulação possível. De preferência à unidade ou caixa única e, claro, em perfeitas condições.
Soluções win-win
O responsável da Rotom Portugal sublinha que têm um enorme leque de soluções para aluguer que são utilizados durante os picos de produção, e “especialmente durante a COVID-19, com muitos pedidos do DIY e do ecommerce, nomeadamente em Smartboxes como estas, mas também roll containers ou racks para armazenamento temporário. A nossa missão é facilitar às empresas os meios de carga necessários para melhorar a sua cadeia de abastecimento tornando-a mais sustentável. É fantástico encontrar uma solução win-win para o meio ambiente e para o cliente”.
As caixas da Rotom casam na perfeição com as necessidades desta operação de picking by Line da Leroy Merlin, já que possibilitam a movimentação de produtos e mercadorias bastante sensíveis ou delicados numa envolvente que permite a necessária segurança e integridade dos mesmos.
“Neste picking by line, o que vemos ali não é nem mais nem menos do que as necessidades dos departamentos de loja. Quando a encomenda sai do centro logístico tem como destino um dado departamento de uma determinada loja e os pedidos vão preparados para entrarem directamente no linear. Com estas caixas, os produtos viajam em segurança, é uma embalagem de transporte que tem portabilidade para chegar até ao linear e que no regresso ao centro logístico, como são rebatíveis, permitem maiores economias no transporte”, esclarece o responsável de operações de supply chain.
“Por outro lado, isto possibilita-nos uma melhoria considerável no serviço e qualidade de entrega à loja. Os abastecimentos às lojas são diários, embora nem sempre para os mesmos departamentos”, complementa João Miranda.
São aproximadamente 31 as pessoas adstritas a esta operação de picking by line, embora possam existir oscilações. “Em média, recebemos por dia 1.700 paletes e expedimos 1.700 paletes. É uma operação de trânsito puro e duro, com conferência de tudo o que são pedidos dos clientes e em que tudo o que se vê em loja passa por aqui. A primeira recepção e conferência é feita por nós mas na chegada à loja eles dão entrada da viagem e recebem o pedido do cliente, que pode ter entrega, ou não”, esclarece José Miranda.
Sempre a crescer
Na cadeia de abastecimento da Leroy Merlin, plataformas regionais, como a de Lisboa, pode trabalhar 30 milhões de euros ao ano. Têm 4 plataformas regionais, querem chegar às 8. Para Março está prevista a abertura de uma em Palmela, que vai servir Setúbal, Évora, Almada, Moita e Montijo e depois esperam abrir as outras 3. Com Palmela ficam mais próximos do cliente, do agregado populacional e da loja, “o que nos permitirá stockar alguns artigos que consideramos “filet mignon” no contexto regional, mas também alguns slow movers, como tractores, geradores, termo acumuladores de elevado preço, que a loja não tem que ter em stock, mas apenas em exposição”, esclarece o responsável de supply chain.
A tudo o que já estava a acontecer há que juntar a explosão do comércio electrónico, que no caso da Leroy Merlin foi exponencial. “A plataforma de Lisboa pode expedir 800 encomendas por dia, a dar apoio às lojas, sem qualquer problema. Ou seja, todos os pedidos que as lojas da região recebem até ao meio-dia são preparados e enviados para aqui e o que nós fazemos é embalar, facturar e expedir. Tudo o resto é feito pelas lojas”. Mas, no novo centro de distribuição será diferente e já contarão com um espaço criado e preparado de raiz para responder também às necessidades crescentes do online. A sua abertura está planeada para 2021 e serão aproximadamente 100.000 m2 em Castanheira do Ribatejo.
O crescimento das operações Leroy Merlin é enorme e os projectos que estão a decorrer em simultâneo são mais do que muitos: o WMS, o last mile, a integração de fornecedores dentro da plataforma de gestão de pedidos, o novo centro de distribuição… tudo para que a gestão eficiente de toda a cadeia de abastecimento B2B e B2C seja uma realidade.
Dimensionando a operação, José Miranda olha à volta e diz: “para terem uma ideia, há um ano movimentávamos aqui 200 paletes/dia, tínhamos 30 fornecedores e agora temos perto de 300”. José Miranda tem já uma longa carreira no sector mas, falando do desafio que tem em mãos, é com um brilhozinho nos olhos que nos confidencia: “isto é um mundo!”.
Fonte Supply Chain Magazine
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