Um café com… Marta Puyuelo, Corporate Affairs and Sustainability Director en PepsiCo

Empack e L&A Porto: Marta, fale-nos um pouco do teu dia a dia na empresa e qual a tua função na PepsiCo.

Marta Puyuelo: É difícil para mim resumir rapidamente o meu dia a dia porque todos os dias são diferentes, devido à diversidade das áreas em que trabalho e às diferentes categorias e canais em que operamos: snacks, refrigerantes e gazpachos.
Tenho a sorte de ser responsável pelos assuntos corporativos e pela agenda de sustentabilidade da PepsiCo Sudoeste da Europa e, juntamente com a minha equipa e muitos outros colegas da PepsiCo, trabalhamos para construir a reputação da empresa, o envolvimento dos colaboradores e promover um ambiente regulamentar e mediático que apoie o nosso crescimento e também a nossa agenda de sustentabilidade “PepsiCo Positive”.
Coordeno a implementação da estratégia de sustentabilidade para Espanha, Portugal e Itália, que inclui objectivos ambiciosos na agricultura, água, emissões, embalagens e produtos. Obviamente, a sua implementação e desenvolvimento não é uma questão de um único departamento, mas de muitas outras funções com as quais trabalhamos em estreita colaboração, por exemplo, desde o departamento agrícola às vendas, fábricas, logística, marketing, entre outros.
Em suma, estou a gostar muito e a aprender constantemente.

Empack e L&A Porto: Depois de anos de experiência na indústria alimentar, quais os projectos que foram mais desafiantes para si ou quais os que recorda em especial e porquê?

Marta Puyuelo: Estou envolvida na indústria alimentar há 30 anos, primeiro no mundo associativo, o que me permitiu ter uma visão de 360º dos diferentes sectores alimentares e aprender com muitas empresas agro-alimentares, e nos últimos 20 anos aqui na PepsiCo.
Durante todo este tempo, vivi a evolução do sector e da agenda da sustentabilidade e, em particular, da sustentabilidade das embalagens. No mundo associativo, estivemos muito envolvidos na criação do Ecoembes em 1996, em resposta à legislação sobre resíduos de embalagens. Agora, na PepsiCo, 100% das nossas garrafas de bebidas são feitas a partir de outras garrafas e estamos a trabalhar para que os nossos sacos de snacks sejam 100% reciclados ou renováveis até 2030. Este foi um percurso desde a criação de uma organização para cumprir os requisitos legais, até à inclusão da economia circular na estratégia da nossa empresa e à evolução do sistema de gestão integrado para abordar a circularidade total das embalagens.

Empack e L&A Porto: Na sua opinião, Marta, quais são os 3 pontos-chave que farão a diferença nas embalagens sustentáveis num futuro próximo?

Marta Puyuelo: A visão da PepsiCo é que nenhum plástico se torne num resíduo. Estamos a trabalhar para Reduzir, Reciclar e Reinventar as nossas embalagens.

É evidente que as embalagens mais sustentáveis são as que não são utilizadas, ou seja, não há necessidade de reciclar ou reutilizar embalagens que não foram colocadas no mercado. Por conseguinte, o primeiro eixo, o da “redução”, é aquele em que temos de nos concentrar mais. Reduzimos o peso das garrafas, optimizámos a altura e a largura dos sacos de snacks, reduzimos as caixas de cartão… tudo isto tem benefícios não só em termos de redução do material de embalagem, mas também das emissões.
No que diz respeito à reciclagem, a primeira coisa é certificarmo-nos de que a embalagem é reciclável e fazer as alterações relevantes a este respeito, embalagem transparente vs. opaca, monocamada vs. multicamada, etc…, a segunda coisa é ter infra-estruturas no país que permitam a máxima circularidade das embalagens da forma mais eficiente possível, e temos de trabalhar em colaboração com as autoridades, os sistemas de gestão, os recicladores, todos eles ….. porque ainda há muito espaço para melhorias a este respeito em Espanha e, em terceiro lugar, incorporar materiais reciclados nas nossas embalagens, a fim de reduzir os materiais virgens, os resíduos de embalagens e, portanto, as emissões.

Por último, temos de questionar o status quo: será que os nossos produtos podem ser disponibilizados aos consumidores de outra forma que não exija embalagens, ou com embalagens muito mais sustentáveis? O dispensador de bebidas no sector on-trade pode não parecer muito inovador, mas é a forma mais sustentável de consumo de bebidas, uma vez que não necessita de embalagem. Levámos o mesmo conceito, por exemplo, para dentro de casa com o SodaStream, um dispensador de refrigerantes gaseificados que elimina as embalagens de utilização única, por exemplo.

Empack e L&A: Quais são, na sua opinião, as maiores vantagens de ter feiras como a Empack para o nosso tecido industrial, e para a indústria alimentar em particular?

Marta Puyuelo: No contexto das embalagens e da sustentabilidade como um todo, a colaboração é fundamental. Feiras como esta permitem-lhe conhecer tendências, inovações, stakeholders que trabalham com objectivos semelhantes aos seus e, por isso, são perfeitas para o inspirar e construir a sua rede de contactos e colaborações para enfrentar os desafios do futuro.

Empack e L&A: As novas gerações estão a chegar em força, que conselhos daria àqueles que estão a pensar em iniciar-se no mundo do trabalho, e especialmente no mundo da sustentabilidade?

Marta Puyuelo: A sustentabilidade não é responsabilidade de uma área ou departamento específico, mas deve estar presente em toda a organização. Felizmente, as novas gerações são muito mais sensíveis à necessidade de mudar a forma como operamos e estou convencida de que irão integrar a sustentabilidade de uma forma mais natural em todas as áreas e decisões de negócio.

“Qualquer que seja a área em que se encontrem, não tirem a vossa lente da sustentabilidade”, é o meu conselho.